Sim, ele não. Sim, fascista, sem meias palavras. E não, não podemos nos calar. Não, a eleição presidencial de 2018 não é uma eleição qualquer. Poderíamos dizer que ela é um plebiscito sobre a democracia, mas não é. Não é isso que está colocado. Sobretudo para as massas, no estado emergencial em que se encontram. O que nos parece claro, e já resta comprovado, é a inacreditável realidade em tamanho expandida construída no nosso país, via linhas de transmissão de Whatsapp, coisa em relação á qual a justiça eleitoral não tomou providências — e não se sabe se o fará –, embora a própria empresa já o tenha feito. Por sinal, após o cancelamentos de uma série de contas e linhas de transmissão do Whatsapp tenham vindo juntas de uma mudança no panorama das pesquisas.
A esta editora, cujo nome, não à toa, é Autonomia Literária não nos interessa um projeto país no qual livrarias abrem falência, a despeito de todas as contradições do mercado livreiro que cansamos de denunciar e desconstruir, enquanto fábricas de armas e munições veem suas ações decolarem na bolsa. Nesse sentido, Fernando Haddad sim é o candidato da democracia, mais até do que ele gostaria de ser, dada a situação absurda na qual, realmente, o outro candidato elogia a tortura e torturadores, fala absurdos contra mulheres, negros e homossexuais, a ponto da líder da extrema-direita francesa classificar suas declarações como “desagradáveis”. Não existe qualquer dúvida sobre qual a opção. Não há equivalência, simetria e quetais.
Essa situação, contudo, não começou agora. Nem se encerraria com um resultado diferente no domingo. Mas isso não nos impede de nos pronunciar. É retrato de uma série de legados que não são resolvidos, mas jogados para debaixo do tapete, desde o processo de colonização, o extermínio dos povos nativos, a escravidão africana, a sujeição das mulheres, a falta de democracia política, a exploração econômica contra trabalhadores, a ditadura militar. E nem é preciso dizer que nossas forças progressistas falharam em relação a isso, quando tiveram a oportunidade de fazer alguma diferença, mas agora é hora de tomar uma posição clara e distinta.
O que não podemos é nos calar. Ou nos omitirmos em um contexto político, social e histórico no qual a não tomada de posição, equivale mais do que nunca a tomar o lado do opressor, do mais forte, da radicalização antidemocrática. Se o pior acontecer, não terá sido em nosso nome, nem com o nosso silêncio. Afinal, a História esquece, mas não perdoa.