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Raquel Rolnik: “Em tempos de ascensão do conservadorismo, o livro do MTST é um alento e uma esperança”

Conheci o MTST quando, Relatora Especial para o Direito à Moradia Adequada da ONU, em 2011, fui procurada por militantes da frente de Resistência Urbana, composta por movimentos de moradia de várias cidades. Estavam preocupados com as violações do direito à moradia a que estavam sujeitas milhares de famílias submetidas a processos de reintegração de posse violentos, onde não havia qualquer diálogo e muito menos providências para a proteção e promoção de seus direitos.

Já naquele momento, tive certeza de que estava diante de uma nova geração de movimentos sociais que, embora herdeiros diretos das lutas pela moradia e pela cidade que constituíram – juntamente com outras pautas e direitos sociais – a base popular da frente que derrubou a ditadura, trazia novos conteúdos e formas de organização: a autonomia em relação aos partidos e a ação direta através de ocupações massivas em locais estratégicos, como foi por exemplo a “Copa do Povo” próxima do Itaquerão, em plena Copa do Mundo no Brasil.

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De lá para cá, o MTST cresceu, se nacionalizou, incorporou pautas bem mais amplas do que a luta pela moradia, até se constituir no principal movimento de massas que, integrando a frente Povo Sem Medo, enfrentou e enfrenta o golpe que removeu Dilma e o PT da presidência, e que avança rapidamente para implantar sua agenda econômico-política neoliberal.

Este livro, escrito coletivamente por militantes e ativistas do MTST, valendo-se de suas próprias memórias, registra essa história que completa agora 20 anos. Seu lançamento nessa conjuntura marca não apenas o crescimento e nacionalização do movimento como também a inauguração da sua mais nova aposta, o VAMOS: um processo de construção participativa de uma agenda de médio e longo prazo para o país.

Em tempos de ascensão do conservadorismo, de emergência de práticas fascistas e de desconstituição de direitos, ler a história de um movimento popular de massas, que cresce, avança e amadurece, é um alento e uma esperança.

Raquel Rolnik, urbanista, professora da FAUUSP, foi relatora da ONU para o direito à moradia adequada entre 2008 e 2014.

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