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Chega da gráfica a 4ª edição do livro “Por que ocupamos?”. Confira o novo prefácio

Enquanto mais de 10 mil trabalhadoras e trabalhadores sem-teto da ocupação Povo Sem Medo do MTST, em São Bernardo do Campo, fazem a grande marcha rumo ao Palácio dos Bandeirantes, acaba de sair, fresquinho da gráfica, a 4ª edição do livro “Por que ocupamos?”, escrito por Guilherme Boulos.

O livro, escrito por uma das principais lideranças do movimento, sistematiza informações e pontos de vista que deveriam ser de conhecimento obrigatório para quem se propõe a discutir a questão habitacional brasileira. Aqueles que se limitam a ofender os sem-teto devido às ocupações de prédios e terrenos, antes de sequer ouvir seus motivos, encontrarão nesta obra um desconhecido e surpreendente território a ser desbravado pela reflexão. Leitores já familiarizados com os movimentos sociais terão a oportunidade de consolidar posições e fortalecer argumentos – pré-requisitos para fazer avançar a luta pela moradia, cada vez mais necessária frente aos abusivos preços dos aluguéis e crescente déficit habitacional nas grandes cidades do país.

Disponibilizamos a seguir o novo prefácio, feito especialmente para essa nova edição.

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No momento em que enviamos para a gráfica a quarta edição do livro “Por que ocupamos – Uma introdução à luta do sem teto”, escrito por Guilherme Boulos, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) deu início a campanha “Setembro de Lutas, por moradia e emprego” com a realização de várias ocupações pelo país, entre elas a Povo Sem Medo de São Bernardo do Campo que, com mais de 7 mil famílias, tornou-se a maior dos últimos anos.

Essas ocupações são uma resposta do povo pobre ao represamento dos recursos para moradia popular e ao desemprego, resultados de uma política de retrocessos econômicos e sociais sem precedentes. As mobilizações das periferias representam um grito de que não estamos dispostos a pagar a conta da crise.

É preciso notar ainda que todos esses ataques partem de um governo atolado em escândalos de corrupção, sem voto e com 3% de aprovação. Temer não tem legitimidade para governar e menos ainda para mexer em direitos históricos do povo brasileiro.

Por isso, o MTST se envolveu no último período em um conjunto de lutas muito além da questão da moradia. Teve um papel importante nas mobilizações contra o golpe que destituiu a presidente Dilma Rousseff em 2016, nas mobilizações pelo Fora Temer e segue enfrentando suas políticas e seu governo.

Neste intenso processo de mobilização, o MTST ajudou a impulsionar a Frente Povo Sem Medo, a partir de 2015, em parceria com outros movimentos sociais, sindicatos e ativistas de todo país. As bandeiras desde o princípio foram o enfrentamento à direita selvagem que cresce no Brasil, a defesa intransigente dos direitos e a necessidade de pensar os desafios de um projeto de esquerda renovado e popular.

Neste sentido, a Frente Povo Sem Medo impulsiona hoje o debate democrático através da iniciativa VAMOS, no intuito de contribuir na construção de um programa para o Brasil, com encontros em praças públicas e uma plataforma colaborativa, reunindo sem-tetos, intelectuais, jovens, trabalhadores e ativistas nos quatro cantos do país.

Em todas essas lutas e iniciativas, o MTST nunca deixou de fazer o seu feijão com arroz: trabalho de base, ocupações de terra e mobilizar o povo por suas reivindicações. Não por acaso, o MTST completa em 2017 seus 20 anos de existência, como um dos movimentos sociais mais dinâmicos e importantes do país.

O livro “Por que ocupamos – Uma introdução à luta do sem teto” tem servido de base para entender como se deu o processo formação excludente dos grandes centros urbanos e a responsabilidade do mercado imobiliário em determinar as prioridades políticas dos governos.

Escrito com uma linguagem simples e acessível, de maneira que qualquer pessoa do povo possa ler e compreender, o livro se transforma numa ferramenta de mobilização e não apenas num objeto de estudo acadêmico.

Seu autor, Guilherme Boulos, escreve não apenas como alguém que estudou e se aprofundou na questão da moradia, mas também como alguém que constrói diariamente a luta pelo direito à cidade e por um novo projeto de país.

Por isso, o livro ajudou a formar uma geração de militantes da luta por moradia, é lido nas ocupações e faz parte do processo de formação política da coordenação e da base do MTST nos catorze estados que o movimento se organiza hoje.

Portanto, a leitura deste livro é uma inspiração, um convite à luta.

Boa leitura!

Setor de Formação Política do MTST

São Paulo, setembro de 2017

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