COMBO: Como nasce e morre o fascismo + Como esmagar o fascismo
Tempos difíceis, leituras necessárias.
As medidas autoritárias que presenciamos não só agem pela destruição de nossos poucos direitos garantidos, das formas de existir das minorias e da organização da classe trabalhadora como também pela destruição das condições necessárias para o estudo e a formação política.
Pensando nisso, fizemos combos temáticos que nos ajudam a compreender a ascensão do fascismo, a crise do capitalismo e a pensar estratégias possíveis para sair dessa situação.
Como Nasce e Morre o Fascismo e Como Esmagar o Fascismo são duas obras essenciais que nos ajudam a compreender o que leva essa ordem ao êxito e o que é capaz de detê-lo finalmente.
Lenin já dizia,
não há movimento revolucionário sem teoria revolucionária.
Como nasce e morre o fascismo
A presença crescente de organizações fascistas e de extrema direita no Brasil e no mundo tem despertado interesse de uma nova geração de ativistas. Perguntas importantes tem surgido: o que é o fascismo? Por que ele é uma ameaça tão mortal? Como é possível combatê-lo? É possível neutralizá-lo?
Em 1923, o fascismo era um fenômeno recente que chegava ao poder na Itália. Diante de muita confusão e incerteza, a marxista alemã Clara Zetkin explicou a natureza deste novo perigo, propondo um amplo plano de unidade de todas as vitimas do capitalismo para combater a ameaça fascista.
Os escritos de Clara neste livro apresentam as primeiras análises sobre o fascismo e revelam as principais articulações de resistência contra ele.
“Os argumentos de Clara Zetkin em apoio às trabalhadoras contêm uma lógica que pode ser efetivamente empregada hoje em defesa dos programas de ação afirmativa, não só para as mulheres, mas também para os oprimidos racialmente.”
— Angela Davis
“Sob a pressão das massas e de suas necessidades, até mesmo os líderes fascistas são forçados a, minimamente, flertar com o proletariado revolucionário, ainda que não possuam por ele qualquer simpatia”.
— Clara Zetkin
Como esmagar o fascismo
É possível que nenhuma outra compilação de textos de Leon Trotsky esteja tão atual e pertinente à conjuntura brasileira quanto o que é apresentado em Como esmagar o fascismo. O Brasil vive um momento delicado que provoca e desafia aqueles que lutaram contra a ditadura militar e que vivem sob uma democracia, imperfeita como a democracia liberal sempre é, há meros 30 anos.
Poucos imaginavam que voltaríamos a exclamar “fascistas!” em tão pouco tempo e com tanta intensidade. Todavia, o próprio conceito de fascismo entra em disputa na era da pós-verdade e diante da despolitização da ultra-política brasileira em que, tanto a baixa quanto a alta intelectualidade da nova direita, abusam de distorções e fake news. Quando é necessário explicar que o nazismo não era de esquerda e que, por mais que a imagem aqueça corações de militantes de esquerda todas as noites, não há ameaça comunista iminente no Brasil, também é necessário explicar o que é o fascismo. Mais que isso, é necessário desenvolver as táticas apropriadas para derrotá-lo de vez, não apenas permiti-lo hibernar.
Os textos compilados neste livro apresentam várias lições e balanços que são úteis para compreender o passado, mobilizar o presente e modificar o futuro. Trotsky trata desde a definição de fascismo até a compreensão de que não há luta antifascista sem um esforço nítido de aproximação da pequena burguesia do proletariado. Este, por si só, é um enorme desafio quando o fascismo se edifica na construção de um inimigo interno, por via da moralidade conservadora, como é o caso hoje. Com uma crise econômica e política que desloca a classe média para cada vez mais longe dos anseios da classe trabalhadora e que captura trabalhadores para um projeto contraditório ao seu interesse de classe, o que fazer? Ao examinar a Alemanha sob o olhar de Trotsky vemos que a situação brasileira diante do flerte fascista não é uma jabuticaba, mas parte das táticas de dominação implementadas há décadas no intuito de desarmar e desanimar qualquer articulação de esquerda, seja reformista ou revolucionária, ou somente progressista.
O contexto do crescimento do fascismo europeu não era tão diferente do nosso momento atual. Havia a relação da desconfiança da classe trabalhadora com o KPD que mobilizou milhões de operários a favor da social-democracia alemã. Essa fragilização, sob profunda crise econômica, enfraqueceu o governo Mueller e sua governabilidade. Ao mesmo tempo em que alguns se rebelaram em torno de um projeto comunista, o nazismo cresceu como a maior força política da época. O resto da história conhecemos bem, mas a perspectiva de Trotsky ainda se faz útil por apontar as falhas de organização e politização que permitiram tamanho levante fascista.
As traduções aqui apresentadas, algumas delas inéditas em língua portuguesa, nos oferecem um material valioso para analisar a nossa própria conjuntura e traçar um plano estratégico contra o fascismo e de retomada da luta da classe trabalhadora. Luta que, por ser da maioria da sociedade, contempla uma variedade de sujeitos políticos que precisam se unir e se articular. É dever evitar essa repetição da história recente do Brasil e do mundo como farsa e é dever ter ousadia. Nas palavras de Trotsky, para esmagar o fascismo é necessário que a oposição compreenda que mesmo sob condições desfavoráveis, “toda corrente cresce com o aumento de suas tarefas. Compreendê-las claramente é preencher uma das mais importantes condições de vitória”.
— Sabrina Fernandes, marxista, doutora em Sociologia e professora da UnB
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