Contra a miséria neoliberal
Fala-se constantemente do neoliberalismo, atribuindo-lhe significados muito diferentes uns dos outros, numa espécie de in ação verbal descontrolada. Rubens Casara tem razão em escrever que “o significante “neoliberalismo” é usado de tantas maneiras que acaba por se tornar uma espécie de conceito “guarda-chuva”, um nome vago e impreciso”. Tal imprecisão é uma fonte de erro no diagnóstico e também na resposta política ao fenômeno. Por conseguinte, qualquer trabalho acadêmico que vise de nir rigorosamente o neoliberalismo e colocá-lo de novo no centro da discussão é uma salvação pública. Esse é o caso do livro de Rubens Casara que estás prestes a ler. O autor oferece ao leitor brasileiro uma entrada extremamente clara em toda uma série de análises e pesquisas que compõem o que poderia ser chamado, para usar uma expressão inglesa, neoliberalism studies, que têm se desenvolvido há cerca de vinte anos em nível internacional. Esses estudos permitiram corrigir uma sequência de erros, como o que consiste em identificar o neoliberalismo com uma completa abstenção do Estado na vida econômica e social. O neoliberalismo não é, e nem pode ser, no plano da prática algo “anti-Estado”, como proclamado por doutrinas que são mais ligadas ao libertarismo do que propriamente neoliberais. É preciso dar ao termo o sentido mais exato que está presente nos trabalhos de pesquisa inspirados pelas intuições de Michel Foucault: de um certo tipo de governo de indivíduos, que, por sua vez, exige um certo exercício de poder por meio de um Estado forte, autoritário, por vezes violento, que visa uma nova articulação entre as esferas pública e privada.
– Christian Laval
Rubens Casara vê a existência humanada, e somente pode concebe-la assim, a partir de uma visão central organizadora que implica liberdade, igualdade e fraternidade.
– Márcio Sotelo Felippe
O feiticeiro da tribo: a farsa de Mario Vargas Llosa e do neoliberalismo na América Latina
Para ser frutífera, a crítica não deve atacar o homem, mas as idéias. A força dessa análise advém do exemplo que o marxista argentino Atilio Boron traz a seus leitores: a beleza da fala não deve nos desviar da abordagem ou dos argumentos (se existirem). É sob esta convicção que diante de nós —e sem anestesia— se pratica um desmantelamento político com rigor e exigência, no auge de uma lenda.
Assim, com a intenção de entender politicamente Vargas Llosa, partimos de seu elogio ao sistema neoliberal – do qual se tornou um grande defensor público – para descobrir um prolífico próximo do poder e de sua ideologia, um disseminador oculto por trás da camuflagem da literatura e do boom latino-americano. O próprio Boron aponta: “Apesar de seu manejo elementar e tendencioso das categorias e teorias da análise política, ou talvez devido ao domínio com que lida com sofismas e ‘pós-verdades’, Vargas Llosa é uma peça fundamental no dispositivo massivo de ‘lavagem cerebral’ e propaganda conservadora que as classes dominantes das metrópoles e seus capangas nas periferias praticam com tanto cuidado”.
“Um dos analistas políticos mais inteligentes e perspicazes da América Latina, Atilio A. Boron, que costumo ler no jornal argentino Página 12, acaba de publicar um livro essencial sobre o livro mais recente do poderoso escritor Mario Vargas Llosa “.
– Felix Población
“Do mesmo modo que lemos livros como o 18 Brumário de Karl Marx não só como uma análise de conjuntura da França do século XIX, mas também como uma aula de como fazer uma análise do tempo presente, essa crítica ao pensamento de Vargas Llosa deve ser encarada como um exemplo, uma aula, de crítica e enfrentamento ao projeto neoliberal.”
– Jones Manoel, historiador, youtuber e prefaciador da obra.
Avaliações
Não há avaliações ainda.