Por serem supostamente purgadas da “ideologia”, as ciências exatas alcançaram entre nós um status de demasiada confiabilidade, objetividade e verdade. Entretanto, Albert Einstein, o maior físico do século XX, não compactuava com essa crença e defendia abertamente os valores socialistas, colocando a própria narrativa cientificista, quase sempre favorável à ordem capitalista, em curto-circuito.
Einstein era um militante e não se calou diante das falaciosas equiparações entre a Alemanha Nazista e a União Soviética. Nem se calou, como judeu, diante das violências cometidas contra os palestinos, pouco depois do Holocausto, pelos colonos judeus no nascente Estado de Israel. Tampouco poupou críticas à segregação racial nos Estados Unidos, onde foi lecionar em seus últimos anos.
Quando a Guerra Fria estava a todo vapor, Einstein escreveu “Por que o Socialismo?”, um de seus artigos mais conhecidos sobre política e frequentemente esquecido e dissociado de sua imagem. Não à toa, este texto, vez ou outra, é apresentado como “novidade” e não cansa de surpreender geração após geração. E que não se diga que era uma forma atenuada de socialismo que Einstein estava falando:
“Numa economia planificada, em que a produção é ajustada às necessidades da comunidade, o trabalho a ser feito seria distribuído entre todas as pessoas aptas ao trabalho e garantiria condições de vida a todo homem, mulher e criança.”
Ou mesmo que, especificamente sobre a Revolução Russa, ele tenha confessado a Viereck que:
“O bolchevismo é uma experiência extraordinária. Não é impossível que a deriva da evolução social daqui para a frente seja em direção ao comunismo. O experimento bolchevista talvez valha a pena.”
Com uma certa dose de utopismo e um enorme enigma de como o socialismo pode ser alcançado e mantido, Einstein Socialista nos apresenta uma série de artigos, entrevistas e manifestos que revelam um lado muitas vezes negligenciado e “esquecido” de um dos maiores cientistas do mundo.
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